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Manejo consciente das pastagens: momento ideal do manejo da forragem

Em função do aumento na demanda pela carne ovina, a ovinocultura está se tornando uma atividade cada vez mais atraente. Em decorrência disso, nas regiões Sudeste e Centro-oeste há um grande interesse pela produção de carne de cordeiro como alternativa de diversificação e ampliação de renda nas pequenas e médias propriedades.

Para tanto, nos sistemas que se utilizam das pastagens como base da alimentação, é em vão procurar por capins “milagrosos” (mais produtivos, baixa exigência em fertilidade, tolerantes a seca, resistentes a pragas e não possuam estacionalidade de produção). Com certeza absoluta, este capim não existe. Toda planta forrageira apresenta determinadas vantagens e limitações.

Manejo consciente das pastagens – momento ideal do manejo da forragem
Considerando a variedade de forragens adaptadas às condições brasileiras, necessitamos encontrar a gramínea que melhor produza em cada propriedade. A fisiologia e hábito de pastejo da ovelha são pontos vitais para o sucesso do sistema. Há a necessidade de suprir as exigências nutricionais de casa fase de produção da ovelha e a pastagem bem manejada é o melhor e mais barato alimento para o rebanho.

A escolha de uma espécie forrageira para pastejo no início da criação de ovinos é de fundamental importância. A forragem tem que estar de acordo com as condições edafoclimáticas, manejo e consequentemente o sistema de produção que será utilizado uma vez que para o pastejo, é fundamental o conhecimento do comportamento e hábitos de crescimento da forrageira, bem como as exigências nutricionais das classes animais dos quais se alimentarão desta forragem.

Para ovinos, certas características inerentes a espécie, como o comportamento gregário com ação idêntica entre os membros de um grupo no mesmo momento e atuando uns sobre os outros, é de grande importância. De maneira geral, os ovinos pastejam em grupos, sendo difícil observar um animal isolado do restante do rebanho. Assim, é importante que a forrageira escolhida seja de porte baixo para que haja a possibilidade de visão e percepção entre os animais do grupo de pastejo.

Outra característica dos ovinos é o pastejo seletivo, possuindo a habilidade na apreensão de partes selecionadas das forrageiras. Segundo Meirelles et al. (2008) as espécies mais indicadas para pastagens de ovinos (Tabela 1) devem ter porte baixo, com hábito de crescimento rasteiro, prostrado, que proporcionam boa cobertura do solo e que toleram manejo baixo.

Tabela 1. Principais espécies ou cultivares de forrageiras com suas respectivas alturas de pastejo
Tabela 1. Principais espécies ou cultivares de forrageiras com suas respectivas alturas de pastejo

O produtor deve atentar-se para uma forrageira adequada para o sistema de pastejo adotado, uma vez que para sistemas que se utilizem do manejo rotacionado de pastagens, aconselha-se utilizar as pastagens mais produtivas, sendo elas do Gênero Panicum (Tanzânia) e Cynodon (Tifton e Coast-cros). Para tanto, as espécies do gênero Brachiaria podem também serem utilizadas (sendo estas mais indicadas para sistemas de lotação contínua) porém apresentam menores produtividades e também podem acometer aos ovinos problemas com fotossensibilização, sendo este, em parte solucionado, desde que realizado correto manejo e adaptar os animais adultos para o pastejo da Brachiaria. Animais jovens, de preferência devem se alimentar de outro capim.

Nos sistemas de produção intensiva, o sistema de pastejo com lotação rotacionada é o mais indicado, por garantir maior uniformidade e eficiência de pastejo. Para tanto, o número de piquetes em cada pastagem será em função do período de descanso (PD), que varia de acordo com a espécie forrageira utilizada (Tabela 2) e, do período de ocupação (PO), que pode ser obtido pela equação: Número de piquetes = (PD / PO) + 1. O período de ocupação deve ser com menor duração possível, podendo variar de 1 a 5 dias garantindo assim melhor rebrota das plantas e facilitar o controle da lotação da pastagem.

Em resumo, o sistema de manejo de lotação rotacionada permite conduzir uma forrageira a ser consumida pelos animais no ponto ótimo de manejo, respeitando sua fisiologia e consequentemente lhe proporcionando ser perene. Todavia, cabe ressaltar que embora as forrageiras tropicais apresentem características distintas quanto ao manejo e hábito de crescimento, possuem valores nutricionais semelhantes (AUMONT et al., 1995). Não podemos erroneamente confundir idade cronológica com idade fisiológica, ou seja, tomando por base o capim Tifton, com ponto ótimo de manejo de 18 dias, estará fisiologicamente com a mesma idade quando comparado ao capim Tanzânia (28 dias de ponto ótimo). Assim, não será fator de escolha entre os capins tropicais, seu valor nutritivo. Ainda, os capins de clima temperado dentre eles o azevén e aveia, apresentam maiores valores nutritivos, porém são menos produtivos.

Tabela 2. Período de descanso em dias para as gramíneas forrageiras utilizadas em sistema de pastejo com lotação rotacionada sob manejo intensivo
Tabela 2. Período de descanso em dias para as gramíneas forrageiras utilizadas em sistema de pastejo com lotação rotacionada sob manejo intensivo

O manejo da pastagem deve ser conduzido no sentido de oferecer alimento de elevado valor nutritivo ao animal em pastejo, respeitando a fisiologia das plantas forrageiras, a fim de garantir sustentatibilidade da pastagem. Portanto, é fundamental respeitar as alturas de manejo, que dependem das características morfofisiológicas de cada planta forrageira (MEIRELLES et al., 2008), além do período de descanso de cada uma e consequentemente seu momento ideal de manejo. Uma forragem que se encontra fora do seu ponto ideal, se encontra vulgarmente falando, passada, implicando em menores ganhos de peso e ainda perdas significativas no desempenho animal, além de trazer prejuízos ao sistema produtivo. Em resumo, perda de dinheiro para o produtor.

Artigo escrito por Marco Aurélio Factori, pós-doutorando em Zootecnia DMNA/FMVZ/UNESP/Botucatu-SP.

Literatura Consultada

AUMONT, G.; CAUDRON, I.; SAMINADIN, G.; XANDÉ, A. Sources of variation in nutritive values of tropical forages from theCaribbean. Animal Feed Science and Technology, v.51, p.1-13, 1995.

CORRÊA, L. A. Produção intensiva de carne bovina a pasto. In: CONVENÇÃO NACIONAL DA RAÇA CANCHIM, 3., 1997. Anais… São Carlos: EMBRAPA – CPPSE/São Paulo: ABCCAN, 1997 p.99-105.

MEIRELLES, Paulo Roberto de Lima ; COSTA, Ciniro ; FACTORI, Marco Aurélio ; SANTOS, W. A. . Pastagens para Ovinos. In: III SOUD – Seminário de Ovinocultura da UNESP de Dracena, 2008, Dracena. SOUD – Seminário de Ovinocultura da UNESP de Dracena, CD Rom. Dracena : UNESP, 2008

RODRIGUES, L.R.A. Espéceis forrageiras para pastagens: gramíneas. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DE PASTAGENS, 8., 1986, Piracicaba, SP. Anais… Piracicaba: FEALQ, 1986. P. 129-146.

Equipe CordeiroBIZ

3 Comments

  1. Felipe Brener

    Parabéns Marco Aurélio, por abordar um tema tão relevante para ovinocultura. Sou do estado do Pará, e o meu olhar sobre a situação aqui, é o seguinte, de maneira geral os produtores esquecem que o pasto também é uma cultura a qual está estreitamente relacionada com o sucesso da atividade, e acabam manejando empiricamente o pastejo dos animais ou até mesmo nem manejando, a consequência disso é o insucesso da atividade devido a degradação das pastagens. E por isso acredito na importância deste tema.

  2. MARCO AURÉLIO FACTORI

    Felipe, obrigado pelos comentários… com certeza, o sucesso está no manejo!!!!
    Grande abraço,
    Marco Aurélio Factori

  3. José Pedro Ribeiro dos Santos

    Gostaria que fosse comentado algo sobre o capim massai para os ovinos, como altura de entrada e saída,etc. Grato.

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