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10 considerações para o sucesso da ovinocultura de corte em 2013

1) Não compre carneiros que não sabem que precisam andar para comer.

A aquisição do(s) reprodutor(es) para a propriedade é tão importante quanto o planejamento nutricional do rebanho. 80% do progresso genético é atribuído na escolha do reprodutor justamente pelo fato de ele deixar mais filhos em uma mesma monta do que a matriz em toda a sua vida reprodutiva (Leia mais em O que você procura como produtor). Desta forma, é muito importante que o produtor esteja informado sobre as condições em que o animal foi submetido na fazenda de origem para que não haja ‘surpresas’.

2) Cordeiros não são criaturinhas ‘fofas’ dignas de pena e uma boa mamadeira.

É impressionante a quantidade de informação compartilhada nas redes sociais na forma de fotos e/ou artigos inteiros por técnicos e fontes que discutem formas alternativas de se ‘salvar’ animais improdutivos. Um exemplo comum é o exercício da mamadeira para cordeiros órfãos que se tornou prática discutida em ‘manuais de criação’ de ovinos e aceita normalmente pela comunidade técnica. Não se iluda produtor: cordeiros órfãos são apenas o reflexo de mau manejo e/ou da propagação de fêmeas ineficientes no rebanho. (Leia mais em A lenda da mamadeira para cordeiros rejeitados)

3) Duvide de pessoas que acreditam que a raça tal é a mais adaptada e melhor para o Brasil.

Sejamos enfáticos para que não haja mais dúvida: Não existe melhor ou pior raça. É muito importante que exista, tanto para quem deseja iniciar uma produção quanto para aquele que já esteja em andamento mas que ainda se encontra na fase de ‘tentativa-erro’, discernimento e uma imparcial, porém focada, ajuda técnica sobre a escolha da raça ou do cruzamento ideal para a realidade da propriedade. Não acredite em fórmulas milagrosas e muito menos em técnicos que recebem comissão de cabanhas.

4) Quer status? Não vá para a ovinocultura. Precisamos de menos cabanhas e mais cordeiros.

A cultura do país influencia no modo como se analisa um empreendimento. Infelizmente, à genética foi atribuído o símbolo de ‘status’ no Brasil e o mercado milionário de animais que possuem nada mais além de um registro de puro de origem torna-se atrativo aos olhos dos aspirantes. Há muito é sabido que a carne de cordeiro de qualidade está em falta no mercado e que a cadeia da ovinocultura empaca nas argolas de um círculo vicioso em que genética é a solução para os problemas. Produtor, mais uma vez, não se iluda. Enquanto a genética for encarada como ferramenta remediativa proporcionada por uma tribo de pequenos gigantes que visam interesses particulares, ainda discutiremos o mais do mesmo. O fato é: há demanda e, portanto, sai na frente quem produz mais, com maior eficiência e menor custo. Portanto, defina seu foco.

5) Genética melhoradora é aquela comprovada por meio de DEP’s (Diferença Esperada na Progênie) o resto é propaganda eleitoral.

Produtores de cordeiros do Brasil, a qualidade de um animal só, e somente só, é comprovada pelo desempenho zootécnico cordeiro-ovelha comparado ao desempenho de seus meio-irmãos(ãs) no mesmo lote de monta e/ou entre lotes diferentes. Árvore genealógica e papelzinho de registro P.O. não são e nunca serão provas de qualidade. É dever das cabanhas produzir um animal GENETICAMENTE superior por meio da seleção por DEP’s e pressão de manejo. É obrigação sua cobrar da fazenda de onde você compra seus carneiros provas concretas de desempenho do animal. Mudar constantemente de cabanha ou de raça/cruzamento não são soluções conscientes do problema.

6) Ovinocultor é aquele que diz “produzo ‘x’ cordeiros de ‘y’ matrizes” e não aquele que diz “tenho ‘x’ cabeças”.

Sabemos exatamente quantos animais temos na nossa propriedade, mas não sabemos o índices produtivos deles. Que vergonha! Produtor, não se intimide com fato de o vizinho estufar o peito e dizer que tem 1000 ovelhas. Aqui cabe lembrar a máxima mais conhecida que tabuada do 2: quantidade não significa qualidade. Um ovinocultor deve conhecer ‘de cor e salteado’ os índices produtivos da propriedade. (Leia mais em Conceito de produtividade na ovinocultura para aumentar o giro de produção no sistema)

7) Quanto maior a interferência humana no seu rebanho menor será a chance de os animais demonstrarem real potencial.

O manuseio constante dos animais não deve ser parte do dia-a-dia da fazenda. Como discutido anteriormente em Não perturbe as ovelhas! quanto maior a interferência humana menor o potencial de expressão natural do animal e, consequentemente, mais vagaroso ou nulo é o avanço no sistema produtivo.

8) Enquanto você der suco para os seus reprodutores e jogar o bagaço para suas ovelhas, elas vão continuar te retribuindo com o que elas têm de melhor: nada.

Os valores da produção ovina no Brasil estão trocados. Gasta-se demais com reprodutores que na esmagadora maioria das vezes não possuem informação de desempenho zootécnico muito menos grau de pressão de seleção. Da mesma forma, encara-se o confinamento como ferramenta para compensar o mau desempenho do cordeiro durante a cria. Produtores de ovinos, não há ração alguma que substitua o leite materno nas 4 primeiras semanas de vida do cordeiro que são cruciais para o desenvolvimento pós-desmame do animal e, consequentemente, desempenho individual deste na terminação. Portanto, foque em uma nutrição adequada das suas ovelhas para que elas possam proporcionar condição máxima à resposta do cordeiro. Genética é importante sim, porque é o motor, mas motor bom com combustível ruim de nada serve. (Leia mais em Para o sucesso da mão-de-obra na fazenda: dicas de produtores neozelandeses)

9) Reveja seus conceitos: gaste menos com genética circense e invista mais em manejo nutricional.

A nutrição adequada do rebanho é a responsável pelo sucesso em qualquer produção animal. Um animal geneticamente superior se não adequadamente alimentado não vai poder expressar o potencial que representa. Assim, se o manejo nutricional na propriedade não estiver de acordo com as necessidades do rebanho, de nada adianta ‘trocar’ o reprodutor ou comprar um outro ‘mais caro’. Mais uma vez, a introdução de genética, que deve ser comprovada, é uma ferramenta aditiva e não remediativa. (Leia mais em Como agregar valor dentro da porteira).

10) O sucesso parte de inspirações e não de comparações.

Muito se discute sobre os países que são excelência em produção ovina dentro de uma esfera comparativa. Faz parte da conduta do ser humano a constante comparação como forma de posicionamento do indivíduo. No entanto, a proposta do CordeiroBIZ é trazer para a indústria ovina brasileira os conceitos da ovinocultura de países-referência como fonte de inspiração e exemplo de que tudo é possível, dentro da realidade de cada lugar, quando se tem foco e organização. A mudança deve partir de nós e o momento é agora. (Leia mais em Ovinocultores PAREM de viver de desculpas).

Equipe CordeiroBIZ

2 Comments

  1. Izildinha Dantas

    Parabéns Dayanne vc foi muito objetiva neste artigo. Uso Deps para o melhoramento do meu rebanho e tenho plena consciência do que vc está falando. Chega de bibelô de luxo para os criatórios!!

  2. Dayanne M Almeida

    Muito obrigada, Izildinha! Fico extremamente feliz pelo seu comentário, principalmente pelo fato de já aplicar conceitos de extrema importância no seu rebanho. Conte conosco e, por favor, sinta-se à vontade em dividir sua experiência aqui no blog para que mais produtores possam caminhar rumo a um só foco: eficiência produtiva.

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