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“O BIZ da carne”: influência da safra do cordeiro nos preços e escalas de abate

Em contato direto com os frigoríficos de São Paulo, a equipe CordeiroBIZ identificou que as escalas de abate nos frigoríficos paulistas estão mais longas em Setembro. Isso é sinal de maior disponibilidade de animais terminados e uma situação confortável para as indústrias daqui por diante.

Aos produtores que pagaram um valor alto na ração em função do disparo no preço que a soja e o milho tiveram este ano, cabe agora se programar!

As escalas de abate giram em torno de três semanas de espera em frigoríficos menores, sendo estes os que melhor remuneram o produtor, complicando o fechamento do custo positivo para os confinadores em todo o Brasil.

Quem possui animais prontos para o abate, ou até mesmo descartes, deverá buscar alternativas para desovar essa produção. Dessa forma, é possível evitar o aumento do custo de produção com os dias a mais de alimentação desses animais na fazenda.

Inicio da safra do cordeiro no Brasil. Ao produtor cabe avaliar o desempenho desse ano e planejar o próximo ciclo de produção.
Inicio da safra do cordeiro no Brasil. Ao produtor cabe avaliar o desempenho desse ano e planejar o próximo ciclo de produção.

A safra do Sul

A entrada da safra sul tende a pressionar negativamente os preços do cordeiro na praça paulista.

Maior disponibilidade de cordeiros resulta em menores preços pagos pelas indústrias, já que o apetite de compra delas diminui. Ninguém melhor do que o próprio sulista para nos falar:

“O mercado de São Paulo paga R$ 5,20 pelo quilo vivo, enquanto abatedouros gaúchos remuneram por R$ 4,20”. Contrasta o ovinocultor David Martins, dono do maior rebanho Texel do Brasil. (FONTE: Jornal do Comércio – RS)

Podemos definir a safra de cordeiro entre setembro a janeiro e a entressafra de fevereiro a agosto.

É interessante definirmos também a dinâmica do mercado de cordeiros, delinear como ele funciona, para prepara melhor os nossos fluxos de abate.

O ideal seria conseguir abater todos os animais no período em que o cordeiro está mais valorizado. Porém, sem deixar o conceito de estação de monta de lado e trabalhando diferentes tipos de terminação que não somente a intensificada, interessante seria se atentar ao mercado do cordeiro, programando estrategicamente os abates, atingindo um bom preço médio ao longo do ano.

O produtor que tem o mínimo de previsibilidade em sua receita consegue garantir o preço de sua comercialização e a rentabilidade em sua produção.

Os valores crescentes no preço dos grãos serão empecilho para a sustentação de ganho de peso dos cordeiros terminados na ração. Porém, esse tipo de animal é muito bem visto pelos frigoríficos, que contam com seus clientes fixos. Animais trabalhados no grão são mais novos, têm sabor mais suave, são bastante requisitados e melhor remunerados na comparação com o cordeiro terminado a pasto.

Em contra partida, o semiconfinamento financeiramente falando poderá, daqui pra frente, somar mais resultado do que o fechamento nos galpões. Ganhos de peso menos intensificados podem garantir lucros líquidos mais palpáveis e podem ser uma estratégia para agendamento dos abates. É uma boa maneira de minimizar os impactos dos altos custos com concentrado que estão “comendo” a margem do produtor.

Outra alternativa seria a venda do animal desmamado para quem precisa comprar grãos agora na alta de preço. A segmentação da cadeia mostra-se bastante interessante como uma estratégia para assegurar lucros, adequando à realidade do sistema de cada um.

A programação do produtor

A chegada da safra sul é um indicativo de que a programação daqui por diante é ainda mais primordial ao produtor.

O Rio Grande do Sul conta com boa oferta de bovinos e forte pressão de baixa no preço da arroba, segundo avaliação da Scot Consultoria. Essa informação do mercado de boi gordo só corrobora com o cenário de queda de preço para o quilo do ovino vivo. O dado vale principalmente aos produtores que têm negociação com frigoríficos maiores e trabalham demandas de supermercados nas grandes capitais.

A boa produção de pastagens cultivadas no Sul pode ser um indício de que a terminação dos cordeiros a campo venha mais concentrada em 2012, podendo trazer as cotações para baixo. Mas ao mesmo tempo, espera-se um forte aumento na demanda por carne de cordeiro no final do ano, estimulada pelas festividades, o que também pode ser uma oportunidade para quem tiver na mão animais de qualidade e com bom rendimento de carcaça para conseguir maior valor agregado.

Mais uma vez, nossa conclusão gira em torno de trabalhar com o que está ao nosso alcance, já que o preço pago pelas indústrias é dado pelo mercado. A eficiência na gestão dos custos e a estratégia adotada na produção sempre serão premissas para o sucesso.

Equipe CordeiroBIZ

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