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O BIZ da carne: novas perspectivas para a comercialização de ovinos no ano de 2013

Interessante é entender o raciocínio do produtor de ovinos hoje no mercado. Todos solicitam auxílio ao governo e esperam atitudes eficientes para atingir melhores preços dos produtos. Comparativamente, a cadeia ovina está entre as que obtêm melhor remuneração no mercado e o produtor de cordeiros sempre se posiciona como o prejudicado da história. Prestem atenção aos fatos:

“O plenário da Câmara dos Deputados aprovou no dia 20/11 a Medida Provisória 575/12 (…) Uma delas prevê a isenção de PIS/Cofins para a ovinocultura e caprinocultura de corte. A medida oferece equalização tributária para a produção de ovinos e caprinos, desonerando em 9,25%, valor que era recolhido pelos frigoríficos.” (Fonte: Agrolink)

De acordo com a nova lei, nossos compradores não necessitarão pagar mais ao governo um dos impostos que diferenciam os valores da carne ilegal e da carne legal no mercado. A equipe CordeiroBIZ acompanhará de perto os valores negociados. De fato, teremos uma “faca de dois gumes” para a entrada de 2013: de um lado, o cenário pode favorecer os valores pagos ao produtor, do outro, a carne de cordeiro pode chegar ao consumidor a preços mais acessíveis.

De acordo com o departamento de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco, uma reviravolta foi identificada no consumo do ano de 2012, sendo essa um reflexo que já é sentido desde 2008 depois da crise econômica global. A entrada da população de baixa renda como consumidora de proteína animal, demonstra que a carne de frango está tomando espaço de forma mais expressiva que a do boi e mudando o comportamento de consumo do brasileiro. Esse dado reflete que o comportamento do consumidor brasileiro pode ter a tendência de inserir a proteína animal em seu cardápio sim, porém, uma proteína com menor valor agregado.

Amarrando um pouco o nosso raciocínio e dando mais estruturação ao nosso espaço “BIZ da carne”, a síntese entre a característica de novos consumidores no mercado que estão dando preferência ao consumo de carnes mais baratas e a situação de isenção de impostos da carne ovina é de que se essa redução de valor for repassada ao consumidor, a carne ovina ficaria mais competitiva nas gôndolas. Essa competição não dá somente maior entrada no mercado com relação ao valor de comercialização, mas também torna o produto mais atrativo do que os produtos abatidos ilegalmente.

Para nos tornarmos competitivos no mercado das carnes, faz-se necessário produzir um produto com qualidade.
Para nos tornarmos competitivos no mercado das carnes, faz-se necessário produzir um produto com qualidade.

O produtor que corrobora com o abate ilegal de seus animais por contar com melhores pagamentos na carcaça isenta de impostos, tem seus dias contados. A contabilidade de um abate ilegal também não se fecha no preço pago pelo animal ou carcaça, há uma série de custos ao produtor embutidos nessa conta.

A tendência do mercado ovino será de competição entre o mercado lícito e o ilícito, fazendo com que o valor pago no produto não seja mais tão discrepante, nem para o produtor, nem para o consumidor final.

Produtores! É hora de fomentar uma ovinocultura descente com base em dados palpáveis para o crescimento da cadeia. Não temos como seguir com desculpas de baixa remuneração de nosso produto e abates clandestinos de 90% do que é produzido!

Como uma ressalva, lembramos que a carne bovina já é isenta de PIS/COFINS antes da carne ovina, e ainda assim, como preferência nacional vem perdendo espaço nas gôndolas.

O crescimento da cadeia depende de pequenas atitudes importantes de quem produz. A medida acima estrangula etapas viciosas e corrompidas da cadeia que impedem o crescimento necessário para a ovinocultura de corte.

O CordeiroBIZ está a favor dessa nova etapa!

Equipe CordeiroBIZ

4 Comments

  1. Octaviano Pereira Neto

    Espero que ao contrário das boas perspectivas a indústria não acabe por absorver a isenção fiscal em seu benefício próprio, como ocorrido em outros setores da economia que passaram situações semelhante, e sim converta esses benefícios na melhoria da remuneração e ajuste os preços à ponta do mercado, ampliando a base de consumidores e gerando um efeito de cascata no consumo da carne ovina.
    Concordo ser um momento excelente à ovinoclutura, especialmente se compararmos os valores pagos pela carne ovina e bovina. Necessitamos organizar a cadeia produtiva, bem como urgentemente, melhorar os índices produtivos dos rebanhos nacionalmente.
    A produção de carne de cordeiro será uma “verdade” quando conseguirmos uma escala de produção considerável e melhorarmos questões nutricionais e sanitárias.
    Os rebanhos de elite são importantes como celeiros genéticos, mas o setor somente avançará a medida que cresçam e se especializem rebanhos comerciais de alta produtividade. Escalas de produção elevadas, por si só, já representam um descréscimo na informalidade, pois demanda uma necessidade por sistemas de escoamento da produção mais vigorosos e estruturados. A clandestinidade é, ao menos em parte, fruto das criações com perfil de subsistência, “fundo de quintal” ou pequena escala, a qual atende um mercado local e caseiro.
    Este deve, na minha modesta opinião, ser o Norte dos sistemas produtivos, os quais acompanhados pela indústria e o varejo poderão constituir uma nova cadeia produtiva, a qual tem tudo par aser um sucesso absoluto.
    Um Feliz 2013 a todos.

  2. Allessandro

    Acho que o que falta mesmo na ovinocaprinocultura é um olhar mais técnico por parte da grande maioria dos criadores. É este olhar técnico que os avicultores e bovinocultores tem, e a nós nos falta!! A ovinocultura sem duvida alguma é uma atividade lucrativa, tanto quanto as acimas citadas e o mercado pede carne de cordeiro, então o que é que nos falta? Falta organização e abandono do Amadorismo!!

  3. Ana Carolina Prado Zara

    Boa tarde,
    Concordamos com as considerações feitas pelo sr. Octaviano. Como foi muito bem explanado, em outras cadeias a indústria absorve todo o lucro da isenção. Porém, devemos lembrar que o abate clandestino é um entrave até mesmo para a indústria, que em épocas de entressafra compete diretamente com o abate ilegal. Dessa forma, a isenção de PIS/Cofins vem como uma alternativa aos frigoríficos para utilização de valores mais atrativos ao produtor, aumentando o número de cordeiros comercializados de forma legal.
    Agradecemos a participação de todos!
    Sucesso!

  4. Mário Saraiva Gomes de Macedo

    Gostaria de cumprimentar pelo artigo e também ao comentário do Otaviano. Vale salientar ainda, que temos nas mãos a oportunidade de duplicarmos o preço do cordeiro, ou até mais que triplicá-lo. Tenho feito esta consideração em muitos locais onde sou convidado a falar sobre comercialização de ovinos. Temos uma taxa de desmame em torno de 50% no Brasil. Sabemos que em alguns países, esta taxa chega a 200%. Ora, se nos preocuparmos em produzir melhor e com maior eficiência, poderemos, elevando nossa taxa de desmame, fazer com que uma mesma ovelha, produza 2 a 3 vezes mais o valor da atual remuneração. Quando entendermos que com volume de produção ganharemos muito mais que com aumento de preço, ai sim, teremos uma ovinocultura de qualidade. Como o ovino tem um pequeno valor, por seu proprio peso, temos que aumentar o volume produzido, para obtermos um volume de dinheiro necessário, que comporte a comparação com outros produtos agropecuários. Muitas vezes somos iludidos, que criando animais de qualidade apenas, teremos qualidade no mercado. Sim, para quem consome e quem vende ao consumidor, mas não para quem produz. Em primeiro lugar, temos que produzir um volume adequado a nossa necessidade, que viabilize sermos competitivos como produtores.

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