1) Não compre carneiros que não sabem que precisam andar para comer.
A aquisição do(s) reprodutor(es) para a propriedade é tão importante quanto o planejamento nutricional do rebanho. 80% do progresso genético é atribuído na escolha do reprodutor justamente pelo fato de ele deixar mais filhos em uma mesma monta do que a matriz em toda a sua vida reprodutiva (Leia mais em O que você procura como produtor). Desta forma, é muito importante que o produtor esteja informado sobre as condições em que o animal foi submetido na fazenda de origem para que não haja ‘surpresas’.
2) Cordeiros não são criaturinhas ‘fofas’ dignas de pena e uma boa mamadeira.
É impressionante a quantidade de informação compartilhada nas redes sociais na forma de fotos e/ou artigos inteiros por técnicos e fontes que discutem formas alternativas de se ‘salvar’ animais improdutivos. Um exemplo comum é o exercício da mamadeira para cordeiros órfãos que se tornou prática discutida em ‘manuais de criação’ de ovinos e aceita normalmente pela comunidade técnica. Não se iluda produtor: cordeiros órfãos são apenas o reflexo de mau manejo e/ou da propagação de fêmeas ineficientes no rebanho. (Leia mais em A lenda da mamadeira para cordeiros rejeitados)
3) Duvide de pessoas que acreditam que a raça tal é a mais adaptada e melhor para o Brasil.
Sejamos enfáticos para que não haja mais dúvida: Não existe melhor ou pior raça. É muito importante que exista, tanto para quem deseja iniciar uma produção quanto para aquele que já esteja em andamento mas que ainda se encontra na fase de ‘tentativa-erro’, discernimento e uma imparcial, porém focada, ajuda técnica sobre a escolha da raça ou do cruzamento ideal para a realidade da propriedade. Não acredite em fórmulas milagrosas e muito menos em técnicos que recebem comissão de cabanhas.
4) Quer status? Não vá para a ovinocultura. Precisamos de menos cabanhas e mais cordeiros.
A cultura do país influencia no modo como se analisa um empreendimento. Infelizmente, à genética foi atribuído o símbolo de ‘status’ no Brasil e o mercado milionário de animais que possuem nada mais além de um registro de puro de origem torna-se atrativo aos olhos dos aspirantes. Há muito é sabido que a carne de cordeiro de qualidade está em falta no mercado e que a cadeia da ovinocultura empaca nas argolas de um círculo vicioso em que genética é a solução para os problemas. Produtor, mais uma vez, não se iluda. Enquanto a genética for encarada como ferramenta remediativa proporcionada por uma tribo de pequenos gigantes que visam interesses particulares, ainda discutiremos o mais do mesmo. O fato é: há demanda e, portanto, sai na frente quem produz mais, com maior eficiência e menor custo. Portanto, defina seu foco.
5) Genética melhoradora é aquela comprovada por meio de DEP’s (Diferença Esperada na Progênie) o resto é propaganda eleitoral.
Produtores de cordeiros do Brasil, a qualidade de um animal só, e somente só, é comprovada pelo desempenho zootécnico cordeiro-ovelha comparado ao desempenho de seus meio-irmãos(ãs) no mesmo lote de monta e/ou entre lotes diferentes. Árvore genealógica e papelzinho de registro P.O. não são e nunca serão provas de qualidade. É dever das cabanhas produzir um animal GENETICAMENTE superior por meio da seleção por DEP’s e pressão de manejo. É obrigação sua cobrar da fazenda de onde você compra seus carneiros provas concretas de desempenho do animal. Mudar constantemente de cabanha ou de raça/cruzamento não são soluções conscientes do problema.
6) Ovinocultor é aquele que diz “produzo ‘x’ cordeiros de ‘y’ matrizes” e não aquele que diz “tenho ‘x’ cabeças”.
Sabemos exatamente quantos animais temos na nossa propriedade, mas não sabemos o índices produtivos deles. Que vergonha! Produtor, não se intimide com fato de o vizinho estufar o peito e dizer que tem 1000 ovelhas. Aqui cabe lembrar a máxima mais conhecida que tabuada do 2: quantidade não significa qualidade. Um ovinocultor deve conhecer ‘de cor e salteado’ os índices produtivos da propriedade. (Leia mais em Conceito de produtividade na ovinocultura para aumentar o giro de produção no sistema)
7) Quanto maior a interferência humana no seu rebanho menor será a chance de os animais demonstrarem real potencial.
O manuseio constante dos animais não deve ser parte do dia-a-dia da fazenda. Como discutido anteriormente em Não perturbe as ovelhas! quanto maior a interferência humana menor o potencial de expressão natural do animal e, consequentemente, mais vagaroso ou nulo é o avanço no sistema produtivo.
8) Enquanto você der suco para os seus reprodutores e jogar o bagaço para suas ovelhas, elas vão continuar te retribuindo com o que elas têm de melhor: nada.
Os valores da produção ovina no Brasil estão trocados. Gasta-se demais com reprodutores que na esmagadora maioria das vezes não possuem informação de desempenho zootécnico muito menos grau de pressão de seleção. Da mesma forma, encara-se o confinamento como ferramenta para compensar o mau desempenho do cordeiro durante a cria. Produtores de ovinos, não há ração alguma que substitua o leite materno nas 4 primeiras semanas de vida do cordeiro que são cruciais para o desenvolvimento pós-desmame do animal e, consequentemente, desempenho individual deste na terminação. Portanto, foque em uma nutrição adequada das suas ovelhas para que elas possam proporcionar condição máxima à resposta do cordeiro. Genética é importante sim, porque é o motor, mas motor bom com combustível ruim de nada serve. (Leia mais em Para o sucesso da mão-de-obra na fazenda: dicas de produtores neozelandeses)
9) Reveja seus conceitos: gaste menos com genética circense e invista mais em manejo nutricional.
A nutrição adequada do rebanho é a responsável pelo sucesso em qualquer produção animal. Um animal geneticamente superior se não adequadamente alimentado não vai poder expressar o potencial que representa. Assim, se o manejo nutricional na propriedade não estiver de acordo com as necessidades do rebanho, de nada adianta ‘trocar’ o reprodutor ou comprar um outro ‘mais caro’. Mais uma vez, a introdução de genética, que deve ser comprovada, é uma ferramenta aditiva e não remediativa. (Leia mais em Como agregar valor dentro da porteira).
10) O sucesso parte de inspirações e não de comparações.
Muito se discute sobre os países que são excelência em produção ovina dentro de uma esfera comparativa. Faz parte da conduta do ser humano a constante comparação como forma de posicionamento do indivíduo. No entanto, a proposta do CordeiroBIZ é trazer para a indústria ovina brasileira os conceitos da ovinocultura de países-referência como fonte de inspiração e exemplo de que tudo é possível, dentro da realidade de cada lugar, quando se tem foco e organização. A mudança deve partir de nós e o momento é agora. (Leia mais em Ovinocultores PAREM de viver de desculpas).
Equipe CordeiroBIZ
Parabéns Dayanne vc foi muito objetiva neste artigo. Uso Deps para o melhoramento do meu rebanho e tenho plena consciência do que vc está falando. Chega de bibelô de luxo para os criatórios!!
Muito obrigada, Izildinha! Fico extremamente feliz pelo seu comentário, principalmente pelo fato de já aplicar conceitos de extrema importância no seu rebanho. Conte conosco e, por favor, sinta-se à vontade em dividir sua experiência aqui no blog para que mais produtores possam caminhar rumo a um só foco: eficiência produtiva.