De olho em mais um BIZ da carne, a utilização de grãos no Brasil é um investimento que permanece em alerta desde 2012 com comportamento irregular e aumento de valores nos produtos e subprodutos para a nutrição animal.
Apesar da safra recorde atingida em 2013, há dificuldade no setor logístico e de armazenagem. A produção deve trazer prejuízos ao invés de lucros como era o esperado:
“Segundo analistas e representantes do setor, indústrias, agricultores e governo precisariam investir até R$ 10 bilhões apenas para zerar o déficit atual e até R$ 28 bilhões para acompanhar o crescimento da produção ao longo da próxima década.” Fonte: Agroblog
Alguns produtores já reclamam da entrega do alimento energético mesmo em pequenas quantidades.
Dos alimentos energéticos encontrados como alternativa no mercado, há a possibilidade de utilização da polpa cítrica, que pode substituir uma parte do milho utilizado. Sua inclusão dilui o valor do quilo da ração na fração energética. A formulação da ração normalmente tem em torno de 50-60 por cento de sua constituição energética em forma de insumos, fazendo com que a polpa seja uma alternativa atraente para diminuir os custos de animais no cocho.
Porém, há algum tempo, o plantio de laranjas tornou-se pouco atrativo aos investidores, transformando o cenário do subproduto. Os citricultores têm encontrado o valor de venda do produto menor do que o valor de produção, fazendo com que muitos quebrem ou deixem de produzir. O ano de 2013 está sendo a prova para a produção de laranja e o subproduto deve acompanhar em valor:
“Os preços estão 20% maiores que os de fevereiro de 2012.”
“Se as estimativas se confirmarem a safra 13/14 deverá ser de 241 milhões de caixas. Queda de mais de 1/5 da produção.”
“A safra de laranja 2013/2014 no cinturão citrícola de São Paulo e Minas Gerais deve cair 23% em relação à temporada anterior.”
Fonte: Scot Consultoria
Ainda assim, a negociação da polpa para o primeiro semestre, época dos melhores contratos, mostra-se vantajosa em comparação ao milho:
“O preço do quilo de energia (NDT) fornecida pela polpa está em R$0,58, contra R$0,73 do milho, um ganho de 20,5% para quem optar pela polpa.” Fonte: Scot Consultoria
Produtores, em verdade, 2012 foi bastante impactante para os terminadores de cordeiros e para quem suplementou fêmeas e borregas. Porém, 2013 além de não se mostrar muito diferente nas perspectivas de preços dos produtos para nutrição animal, ainda sinaliza dificuldade aos que buscam a principal alternativa de subproduto ao milho, a polpa cítrica. Com o aumento do valor já esperado frente ao comportamento dos grãos no segundo semestre, a polpa cítrica poderá virar a relação de NDT, deixando de ser interessante como alternativa. A Equipe CordeiroBIZ ficará atenta aos valores.
Associado à dificuldade logística e de estocagem que estamos acompanhando na época das chuvas, as chances de dificultar o fechamento do caixa no valor positivo torna-se maior, principalmente aos que não se organizaram para a suplementação total do rebanho.
A Equipe CordeiroBIZ divulga um alerta aos produtores que deixam para comprar os alimentos para o segundo semestre:
É imprescindível lembrar que a maior produção de ovinos fatalmente acontece na época de maior valor dos grãos!
Fazenda Viva
A Fazenda Viva traçou o tipo de suplementação para águas e seca de acordo com o lote que entrará em monta e possibilidade de partos simples e gemelares. O foco principal será carência proteica em função do tipo de pastagem nativa. Para tanto, já houve compra de produtos proteicos para 6 meses de produção.
Faz-se importante ressaltar que não há como estocar anualmente farelos para garantir preço final, porém um menor impacto no valor líquido do cordeiro viabilizaria para esse ano o confinamento, que entrou na conta do farelo fechado na semana passada.
E você produtor? Está se programando ou deixará a sua produção ser levada pela inconstância do valor dos grãos no mercado por não saber se organizar?
Equipe CordeiroBIZ
Boa noite! Acabei de ler o artigo sobre a substituição do milho pela poupa cítrica e achei interessante informar para vocês sobre algumas pesquisas que estão sendo feitas no País com a silagem do bagaço de laranja. Eu sou mestranda em zootecnia pela UFS e meu projeto de mestrado é sobre esta silagem, iremos testar o desempenho dos cordeiros alimentados com ela em substituição ao milho. É uma forma de baratear os custos, visto que a peletização é um processo que onera os custos do subproduto.
Acho que é uma informação importante para os ovinocultores!
Abraços!!
Boa noite Roberta,
O valor nutricional da polpa cítrica, seja ela peletizada ou ensilada, altera muito pouco. O verdadeiro diferencial entre os tratamentos será a quantidade de matéria seca que o produto fornecerá. Essa conta é a que deve ser feita para a substituição parcial do milho.
Para lhe dar um exemplo, aqui no artigo foi enfatizado o produto peletizado que conta com 90% de matéria seca, porém, na fazenda viva, houve cotação do produto úmido (para ensilar) com 20% de matéria seca.
A polpa peletizada está sendo comercializada por R$350-400,00/tonelada. Quando convertemos para matéria seca a peletizada estará valendo R$388-440,00/tonelada:
350/0,9 = R$388,00/tonelada
No caso da polpa úmida, que conta com 20% de matéria seca, teríamos a entrega do produto na fazenda por R$100,00/tonelada. Seria ótimo se o valor apresentado fosse real, porém, com o aproveitamento de 20% do produto a conta da polpa úmida sai mais cara do que a polpa peletizada. Veja:
100/0,2 = R$500,00/tonelada
Na sua conta de mestrado, procure enfatizar se o valor final do produto que será oferecido ao produtor, seja para cordeiros ou bois, é viável. Principalmente quando trabalhamos um alimento com maior umidade, o que infere prazo de validade dele na fazenda.
Agradecemos a sua participação!!!
Gostaria de mais informações, sobre o tema, pretendo utilizar em um confinamento.