De olho no mercado, o produtor que não se programou para as épocas do ano que apresentam escassez de alimento está sofrendo as consequências.
Ainda que a falta de água esteja penalizando em menor proporção os campos esse ano do que em 2011, a chuva não aparece em algumas regiões há mais de 60 dias. As atividades relacionadas ao manejo das terras estavam suspensas até o presente momento, porém, a situação parece começar a mudar:
“A semeadura de soja está oficialmente liberada desde ontem, mas a de milho já tinha sinal verde desde o fim de agosto.” (Fonte: Valor Econômico)
A organização da propriedade para a produção é comprometida toda vez que não focamos em planejamento. Caso não haja uma programação em função do rebanho a ser trabalhado, os índices zootécnicos da fazenda como giro de produção, fertilidade do rebanho e reposição de fêmeas serão fatalmente comprometidos.
O fim da seca sinaliza ao rebanho de ovinos que daqui pra frente é época de pastagem boa. Aos que degradaram as pastagens em função da alta lotação chegou a hora de “arrumar a casa”.
Pastagens: manejo estratégico
Programem-se produtores! Tenham em mente quantos animais sua fazenda comporta nos pastos. Caso não haja pasto o suficiente, é necessário planejar a nutrição do plantel para o ciclo de produção de forma viável.
Este ano, como estamos acompanhando, o preço dos grãos determinou que muitos produtores vendessem animais de desmama e animais confinados, inclusive para trabalhar ganhos líquidos em menor proporção do que arcar com o confinamento todo.
O planejamento quanto ao número de cabeças e nutrição deve estar sempre calcado primeiramente nas pastagens, que é o meio mais barato de alimentação. A suplementação ou incrementos nutricionais que somarão ao pasto devem ser mais bem estudados, pois oneram o investimento como um todo. Ao longo do ano os produtores de proteína animal que não puderam usar como ferramenta as pastagens, chegaram a quebrar e ficar com saldo negativo no caixa financeiro.
A correlação das commodities com o mercado consumidor gera uma reação em cadeia que atinge desde o produtor até o consumidor final, seja aumentando o preço recebido pelo produtor ou esmagando suas margens. A ovinocultura de corte foge desses padrões e está com a remuneração do produtor variando pouquíssimo independente dos valores dos insumos no mercado.
“Em 2011 a variação do valor remunerado pelo quilo da carcaça foi de 0,25% a mais na praça São Paulo e de 7,57% na região do Rio Grande do Sul no período de Agosto de 2012.” (Fonte: Prime Advanced Sheep Consulting)
Esse dado ilustra a incoerência da situação em que se encontra o mercado de ovinos para o produtor. Quem produz na região Sul, normalmente não utiliza ou utiliza em menor proporção o grão em sua produção e teve uma variação anual de quase 8% no valor recebido pelo animal abatido. Já o produtor de São Paulo, que tem seus cordeiros terminados na ração quase que em 100% dos casos, ou seja, incorrem em maior custo de produção, receberam um aumento anual quase que irrisório pela carcaça.
Dessa forma, pode-se concluir que o preço pago pela carcaça de cordeiro é pouco influenciado pela variação nas cotações das commodities em geral. Na verdade, o impacto é mais sentido pelos produtores no custo de produção, em casos de aumento ou queda de preços do milho ou da soja. Em contrapartida, o preço pago pelo quilo vivo do animal pouco acompanha a oscilação dos outros produtos, mesmo tendo um maior ou menor custo para produzi-lo.
Portanto, frigoríficos e consumidores de ovinos finais são pouco atingidos pela volatilidade das commodities agrícolas no que diz respeito ao preço final pago pelo animal, o que implica em maior planejamento de ambas as partes na viabilização da atividade.
Por isso, utilizar o manejo de forma inteligente pode ser mais uma ferramenta estratégica que ajuda nessa incerteza dos preços.
É difícil produzir sem saber o quanto irá ser pago no seu produto. A chegada da chuva é, de fato, um bom aspecto para a reorganização da produção.
A utilização consciente das pastagens em relação à lotação por hectare dos animais deve ser priorizada a partir de setembro para atingir maior eficiência produtiva.
Equipe CordeiroBIZ